quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DESAPARECE A POETISA IRMA CARIBÉ AMORIM





A TEMÁTICA FLORAL DA POETISA FEIRENSE IRMA AMORIM
Foi Miriam Fraga, a primeira dama da poesia baiana quem escreveu: Poesia é coisa de mulher. Esta afirmação é verdadeira e cai bem quando se trata da conhecida produtora cultural e poetisa feirense, Irmã Rosa de Lima Caribé Amorim. Com o recém lançado livro de poesias intitulado Lenço Perfumado, com capa do artista plástico César Romero e projeto gráfico de Eduardo Kruschevsky, o volume de 76 páginas, traz em seu corpo toda a sensibilidade luminosa de quem escreve como quem chora. Irmã Amorim é assim, uma destas pessoas que tem a capacidade de deixar um rastro de bondade e de beleza por onde passa. O poeta e professor de Teoria da Literatura da Universidade Estadual de Feira de Santana, Roberval Pereyr, parafraseia o livro com estes dizeres: “Volver às lembranças mansas, às fugas mágicas, às múltiplas ânsias/Talvez me refaçam as minhas memórias, com horas mais plácidas e mais amplas”. Portadora de uma força criadora repleta de sentimentos ecléticos e memórias plásticas de infâncias duplas, sua poesia é a fotossíntese da sua mente criativa. A criação literária de Irma Amorim é rica em seu existencialismo lírico, como está expresso no seu poema “Para que então tanto mar” dedicado à também feirense Jerusa Pires Ferreira: “E nos caminhos de busca juntava tudo/ num caderninho escondido como se fosse num tesouro/ abafava versos rebeldes/ dizeres mais livres/ sem atalhos/ lembrou Cacaso a Cecília Meireles/ Vida tão curta Cecília, para que tanto mar?” Pois é Irma, poeta Irmã, a se inspirar nas noites insones, a sua poesia destila pensamentos sofisticados e de grandezas terçãs, onde o onírico é a sua realidade diária. A sua referência intensa à temática das floral, dá a irmã Amorim, o condinome de Nossa Senhora das Flores, empréstimo do escritor francês Jean Genet, que publicou um romance com este título. Mas não é à toa. Senão vejamos. Há uma complexidade de amostras a este respeito ao longo dos seus poemas. São pétalas, rosas em botão perfumadas, ramos de acácias, flores de esquecimentos e de afeto, jarros com flores, flores magoadas, gerânios sem perfume, o sorriso florido dos setembros, a flor intacta, uma gota de orvalho que se apaixona pela flor, o lado mau da flor, entre outras citações. A poesia de Irmã Amorim é feita do mesmo material das estrelas, do barro e da costela de Adão, da lembrança Edênica que vive em todo ser vivente. O maior mérito desta poesia vem da simplicidade e leveza com a qual se manifesta.
Ricardo Emanuel do Lago Poeta e jornalista

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

o poeta,professor e jornalista Ricardo Emanuel do Lago dá a dica

Edição do dia 10/09/2010

10/09/2010 10h22 - Atualizado em 10/09/2010 11h22

Uso correto da palavra porquê ainda provoca dúvidas em muita gente

Há várias formas, cada uma própria para uma situação, o que acaba gerando confusão na cabeça das pessoas.


Por que junto? Por que separado? Por que com acento? Tantas são as nossas dúvidas no uso da gramática da língua portuguesa.... Estamos sós nas nossas incertezas?

“Por que que a gente coloca no final da frase com acento circunflexo?”, diz a assistente social Karina Vieira.

“Eu não sei o porquê separado e o porquê junto com acento, não lembro...”, admite a estudante Carla Lima Silva

“Gera várias dúvidas, mas acho que não só em mim. Várias pessoas que escrevem a palavra porquê, ficam se perguntando: será que esse porquê é separado? é com, é sem acento, é junto, é complicado”, admite a professora Eliana da Silva.

Mas há entre a multidão vacilante, atormentada com os quatro tipos de porquês, alguém que tem certezas.

“Você faz o porquê separado na pergunta e junto na resposta. Quando pode substituir por pelo qual, escreve separado. E o acento quando termina a frase, quando depois do que vem um ponto final. Esse que tem um acento circunflexo em cima”, explica o professor Caio Galhardi.
Fernando Pessoa parece estar sempre certo. É bom aprender com ele, incansavelmente, o porquê e os porquês do português na frase escrita na areia: "Louco sim, louco porque quis grandeza...", escreve. O porquê está junto porque dá uma explicação.

O poema é identidade, tem a cara do poeta. E o porque vem separado quando aparece no sentido de por qual razão:

"Pobre velha música! Não sei por que agrado,
enche-se de lágrimas meu olhar parado”

Quando as letras se embaralham e a gente se atordoa entre as dúvidas e as regras, o que nos salva é o conselho do poeta:

"Copiaste? fizeste bem.
copia mais, sem canseira.
copia, pilha, retém...
é a única maneira
de não escreveres asneira."